segunda-feira, fevereiro 20, 2006

O almocinho de Sócrates

Como não podia deixar de ser, as férias de José Sócrates - ora no Quénia, ora nos Alpes Suíços -, prestam-se a dois géneros de comentários totalmente contraditórios:

Por um lado, dir-se-á que «ele não é mais nem menos do que os outros portugueses todos e, se as paga do seu bolso (e com dinheiro que ganhou com o seu trabalho) ninguém tem nada com isso». E é a pura verdade.

Por outro lado, também não faltará quem diga que, «estando o país a atravessar dificuldades, e sendo precisamente ele quem exige sacrifícios ao povo, deveria ser o primeiro a dar o exemplo de contenção». E é também a pura verdade.

Então em que ficamos?

O que sucede é que a realidade é multifacetada, pelo que ambas as argumentações têm lógica e são aceitáveis. Tudo depende, muito mais do que do posicionamento político de cada um, da sensibilidade para com as coisas da vida.

E é precisamente esse aspecto da sensibilidade que me faz pensar nas pessoas que estão num restaurante a comer do bom e do melhor quando aparece um pedinte com fome.

Claro que ela diz para si mesma que «não é mais nem menos do que os outros portugueses todos e, se paga a refeição do seu bolso (e com dinheiro que ganhou com o seu trabalho), ninguém tem nada com isso».

E, mais uma vez, é a pura verdade. Só há um pequeno pormenor: é que o comensal deverá ser A ÚLTIMA PESSOA NO MUNDO a dizer ao pobre que «coma menos, pois uma dieta faz bem»...

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