domingo, maio 07, 2006

Os Professores, esses incompreendidos, (ou compreendidos bem demais).


Numa altura que milhares de portugueses e portuguesas se encontram no desemprego, (para os sindicatos, meio milhão, para o I.E., só quatrocentos e noventa mil), estão estes infelizes preocupados porque a ministra só lhes dá trabalho. Parece impossível! Tantos desempregados e só para os Professores é que há trabalho.

Não percebo o porquê de tanta preocupação! Não é suposto que as horas não lectivas sirvam para prepararem as aulas? Então qual é a dúvida? Se não vou faltar amanhã hoje já preparei a aula, certo? Ora, se faltar amanhã, a aula também já vai estar preparada, correcto? Além do mais, não percebo como é que um professor não possui um dossier que lhe permita ter antecipadamente uma planificação das suas aulas em função dos programas, uma bolsa de recursos, entenda-se uma lista de trabalhos a executar pelos alunos em caso de falta inesperada do professor, em suma, uma série de ferramentas que cabe ao professor produzir, preparar e disponibilizar no início de cada ano lectivo. Dá trabalho?! Dá. Não estão contentes?! Demitam-se! O que não falta são professores no desemprego, à procura de trabalho. TRABALHO!

Falam muito mas é de barriga cheia. Só os professores, médicos e enfermeiros, quando acabam a sua formação, têm emprego mais ou menos garantido no Estado, a menos que não queiram trabalhar em Freixo de Espada à Cinta, Vila Real de Santo António ou na Escola Básica de Rilhafoles, perto de onde o Judas perdeu as botas! Ora, se quiserem, tem trabalho. Se não quiserem, é porque, realmente, não precisam! Eu, se estivesse no desemprego, teria que aceitar aquilo que me propusessem e, se realmente estivesse necessitado, iria para onde quer que fosse!
Resumindo: Têm razão mas não conheço nenhum caso de nenhum professor que se tivesse demitido por descontentamento. É mau, é mau, mas "cai" todos os meses ao dia 25! Por outro lado, conheço muitos casos de atestados médicos, de pedidos de destacamento por doença ou apoio familiar que são de bradar aos céus! E isso os professores não vêem. E aqueles que são do ensino especial e que assinam "a metro" o Livro de Ponto e não passam mais do que 1 hora por semana na escola? E a redução de horário a partir dos quarenta? E os três meses de férias por ano? E… E… E…?

Já se deram conta Senhores Professores que são, realmente uns priveligiados! Se estão tão descontentes porque não mudam! As escolas e cooperativas de ensino particulares pululam por aí que nem coelhos a sair da toca! Vejam lá se na privada têm as mordomias que têm no Estado. Pois é; é verdade que na privada têm que prestar contas a alguém, serem fiscalizados por alguém, serem avaliados por alguém! E se pisarem o risco, poderão ser despedidos por alguém! Enfim, tudo aquilo que pode acontecer a um trabalhador por contra de outrém, que não seja o Estado!

Perdoem-me o desabafo. Sei que há muito boa gente que se empenha em cumprir as suas obrigações profissionais e que, muito contra vontade e por consciência de classe, embarcam nestes movimentos reivindicativos e, claro, no fim, paga o justo pelo pecador.

Senhores(as) Professores(as):

TRABALHEM, QUE O TRABALHO LIBERTA O ESPÍRITO!

VOCÊS MERECEM!


1 Comments:

Blogger JPG said...

E se eu também generalizasse?

Então os pais querem demitir-se da sua função de progenitores e educadores, colocando as suas carreiras como prioridade e exigindo que os seus filhos passem mais tempo na escola?

A crescente "má criação" a que os professores estão sujeitos não terá por base a falta de rigor e exemplo, na forma como a família se comporta?

Quando vamos ao café conferimos o troco, tornamo-nos "experts" em qualquer assunto (DVDs, MP3, economia...) mas porque não o fazemos (conteúdos, objectivos, planificações...)em relação a algo tão importante como a educação e ensino dos nossos filhos?

...

Bom, parece-me que este desabafo do amigo "sopeiro" revela um exagerado azedume por quem nos ensinou a ler, e provavelmente passou mais horas connosco (acordados) na nossa infância.

Quanto ao comparativo, cá vai:

- Os professores não têm carro da empresa, nem telemóvel!

- Não podem ter qualquer outra actividade lícita, sem solicitarem autorização e serem devidamente taxados em sede de IRS!

- Abusos nos atestados, nas baldas, na falta de rigor e profissionalismo? Sim, há! De resto e infelizmente, como em todas as profissões.

- Apesar de alguns benefícios próprios da desgastante profissão docente (ou não ouviríamos tantos pais a pedirem para chegar a 2ª, assim os putos já vão para a escola e deixam-me descansar), há poucos licenciados que ao fim de uma dúzia e mais anos de serviço, em vários distritos continuem até Agosto sem saberem onde vão trabalhar no mês seguinte (porque os Profs. também têm vida própria e podem ter necessidade de inscrever os seus filhos em escolas ou infantários), indo provavelmente para mais de 100Kms de casa.

Quanto à planificação, esta ocorre em Setembro e chama-se anual, no início de cada período e serve para ajustes da anterior (estas são feitas em grupo, pelos docentes dos mesmos grupos disciplinares), antes de cada capítulo e aula a aula.

Ora, estando as planificações de grupo num dossier da sala de professores, havendo livros de ponto onde se registam os sumários, é fácil enquadrar a matéria da aula do professor ausente.

Assim apenas falta ir a um dos muitos livros da biblioteca, a manuais de apoio, a "sites" vários ou ao próprio dossier que contenha as fichas de trabalho dadas no ano lectivo anterior.

Mas, continuamos a falar de "entretainers" que ocupam e vigiam os meninos, pois transmitir conhecimentos é mais do que isso e deve ser feito por professores do mesmo grupo disciplinar.

Deixar uma aula preparada com mais do que isto? Acetatos, esquemas no quadro, exemplos práticos? Para o professor substituto de matemática ir leccionar uma aula de Inglês?

Sejamos sérios, quando falo com professores em variadíssimas escolas, as opiniões convergem: "não me importo de ir substituir, calham-me disciplinas que não domino... Ponho-os a fazer jogos de palavras no quadro." "Os alunos teriam mais proveito com um «furo», gastavam energias, estudavam, descansavam, iam à biblioteca ou internet, enfim usufruiriam do espaço escola, para que na aula seguinte estivessem com mais força."

Bom, com isto termino o desabafo.

8/5/06 23:45

 

Enviar um comentário

<< Home